Aplicações, Curiosidades, Normas

Manual de Instalação de Deck de Madeira

Deck é sempre ligado a um lugar de lazer, onde pessoas passam momentos agradáveis, em ambiente externo, e construído originalmente com madeira. Ele pode servir para garantir o conforto na piscina, permitindo o escoamento da água entre os vãos, ou ainda servindo como isolante térmico para que seu pé não queime em dias ensolarados. A tonalidade e textura da madeira sempre traz um charme e aconchego especial a qualquer ambiente.

Material

Nem toda madeira de Pinus é igual. Para deck, não pode haver medula (porção central da tora), pois é anatomicamente impenetrável para os produtos preservativos e muito suscetível à fungos apodrecedores. Embora existam atualmente outros materiais que poderiam substituir a madeira para construção de decks, esta é ainda o material mais utilizado pelo baixo custo, fácil manutenção, distribuição uniforme, e sustentabilidade inigualável de reflorestamentos manejados. Antigamente, madeira como Ipê, Cumarú, Garapeira, e outras espécies nativas oriundas da floresta Amazônica eram utilizadas. Estas espécies tornaram-se econômica e ambientalmente inviáveis. A madeira oriunda de florestas plantadas de Pinus, e submetidas ao tratamento preservativo em autoclave, viabiliza a distribuição comercial na maioria dos estados brasileiros, como aumenta muito a durabilidade, aumentando os períodos de manutanção preventiva. A madeira de Pinus é abundante na região sul do Brasil, na África do Sul, na Finlândia, Canadá, Suécia, e outras regiões de clima temperado do planeta.

Tratamento preservativo

O tratamento preservativo aplicado a madeira precisa ser feito por Usina de Preservação de Madeiras responsável, registrada no IBAMA, e tradicional na atividade, para garantir que o processo seja feito de acordo com as normas técnicas vigentes. A principal norma técnica que aborda o tema é a NBR 16.143:2013 – Preservação de Madeiras – Sistema de Categorias de Uso. Atualmente o produto químico preservativo utilizado com viabilidade técnico-econômica no Brasil é o CCA-C, fabricado por empresas globais desde os anos 1950, e com espectro de proteção comprovada em todos os continentes contra agentes xilófagos, com utilização em dormentes, postes, cruzetas, palanques, mourões, cercas, pontes, estruturas de telhado, entre outros. Em análises feitas em amostras de deck coletadas de madeireiras e usinas que não seguem as normas por questões econômicas de redução de custos, a retenção de preservativo ficou menor do que 3,9kg(i.a.)/m³, não atendendo nem mesmo à categoria de uso 3 da NBR 16143. Para deck, a categoria de uso é a 4, que preconiza a retenção mínima de 6,5kg(i.a.)/m³ para categoria de uso 4, sob intempéries, fora de contato com o solo.

Fornecedor de Deck

A principal Usina de Preservação de madeiras do Brasil localiza-se em Ponta Grossa/PR. A região cercada de florestas plantadas de Pinus para a indústria de papel e celulose, e por isso a TWBrazil iniciou os teste, difusão e produção da madeira tratada de Pinus no Brasil. Para fazer a sua cotação basta contactar a equipe comercial da TWBrazil pelo link de whatsapp neste link.

Certificado de Preservação

O Certificado de preservação é o documento que acompanha a nota fiscal da madeira tratada industrialmente, que atesta a retenção do produto preservativo na madeira, e que garante a durabilidade da madeira para a categoria de uso a que se destina. Solicite o certificado do seu fornecedor, para que eventuais patologias precoces possam ter solução amigável.

Ferragens

Sempre utilize ferragens com acabamento protetor contra oxidação. Embora o contato com a madeira tratada com CCA ajude a proteger parafusos e pregos, recomenda-se a utilização de tratamento Bi cromatizado. A Ciser e a Rothoblaas são os principais fabricantes com comercialização no Brasil.

Execução

Limpe o local, retirando todo material orgânico que possa servir de habitat para insetos, fungos ou roedores.

Escolha o sentido em que as réguas de deck serão instaladas. Recomenda-se que não sejam alinhadas com o ângulo de onde o deck é mais observado. Eventuais diferenças de espaçamento entre as réguas não serão realçadas pois pequenas deformações são normais em qualquer madeira (encanoamento, arqueamento, encurvamento, ou pequenas fissuras).

Considere a espessura das réguas de deck com 22mm ou 45mm, medidas comerciais normalmente encontradas no mercado.

O desnível mínimo entre a base e a altura final é de 44mm (tarugamento 22mm + Deck 22mm) para instalações sobre piso/contrapiso, ou de 112mm (Viga de Tarugamento 90mm + Deck 22mm) para instalações sobre terra/grama.

As vigas de suporte onde serão parafusados os decks, deverão ficar com espaçamento máximo de 450mm / 600mm, respectivamente para os decks de 22mm / 45mm de espessura. Esta medida é entre eixos, e essas vigas deverão ser de de pelo menos 45mm x 90mm (medida econômica).

Deck TWBrazil Planta

Planta

Deck Elevação Frontal

Elevação Frontal

Deck TWBrazil Elevação Lateral

Elevação Lateral

Nas extremidades dos decks, deverão ser utilizados 2 parafusos, enquanto que nos apoios intermediários basta-se 1 parafuso alinhado com o eixo do deck. Estes parafusos deverão atravessar o deck e penetrar pelo menos 22mm nas vigas de suporte.

As vigas de suporte do deck poderão ser apoiadas diretamente sobre um contra piso ou revestimento cerâmico, ou ainda requerer de mais alguma estrutura, a fim de nivelar o deck com outro piso existente.

Caso o desnível seja maior do que 112mm, e menor do que 277mm, considere a utilização de vigas de 45mm x 140mm, no mesmo sentido do deck, e perpendicular às vigas de suporte. Para maiores desníveis, considere a utilização de pilaretes de madeira roliça, espaçados a cada 2500mm, sob as vigas de 50mm x 150mm. Estes pilaretes deverão ser enterrados em solo escavado com o mínimo de 500mm, podendo chegar a 2500mm quando o solo for alagável, ou não tiver capacidade de suporte adequada.

A madeira de Pinus possui a característica de apresentar desvios, como arqueamento, encurvamento, encanoamento ou torção. Além dessas, a madeira de Pinus também possui uma flexibilidade para que seja forçada pelo instalador até atender os requisitos de alinhamento ou encurvamento conforme o projeto.

Recomenda-se a aplicação de pintura do deck, com pelo menos 2 demãos, de pintura com verniz tipo stain, podendo ser das marcas Osmocolor, Polisten, Suvinil ou similar. Recomenda-se verniz stain, por não criar película sobre a superfície da madeira, que invariavelmente trinca e descasca sob intempéries. O Verniz Stain tem a função de protetor solar e hidro repelência, evitando assim que a madeira se torne acinzentada e manchada superficialmente pela umidade. Deve ser aplicado com pincel largo, esticando-se bem as pinceladas de modo que as camadas fiquem bem finas. O tempo de espera mínima entre demãos é de 5 horas, a depender do produto, umidade da madeira (sempre abaixo de 20%), da temperatura do ambiente e da incidência de sol. Sugere-se consultar o manual do fabricante. Geralmente 2 demãos são suficientes para ambientes de piscinas, mas pode receber um lixamento com lixa grana 280 para retirar eventual arrepiamento das fibras, e uma posterior terceira demão para um acabamento mais delicado.

Manutenção

A manutenção é feita com lixamento fino, com grana 280 ou 250, e reaplicação de verniz tipo stain. Não é necessário uso de qualquer removedor químico. A manutenção é recomendada bienalmente em ambientes externos agressivos (litoral, alto tráfego, ou com alta incidência de sol), e trienalmente em outras regiões. Para a uso interno, a manutenção pode ser quinquenal. Geralmente a manutenção somente revitaliza a aparência do deck, visto que a madeira tratada já sofreu tratamento preservativo contra xilófagos (cupins, brocas, fungos decompositores, térmitas, entre outros). Caso o deck venha a apresentar deformação excessiva, vibrar muito quando solicitado, ou ainda fazer barulho de impacto madeira-madeira quando utilizado, pode ser necessária intervenção na estrutura inferior do deck. Embora a vida útil de um deck executado conforme esse artigo seja de aproximadamente 15 anos, algum fator externo, vício executivo, ou ainda um tratamento preservativo da madeira mal feito pode reduzir essa durabilidade.

Descarte final

Ao final do ciclo de vida do produto de pinus preservado, os produtos podem ser reciclados ou reutilizado, e caso não seja possível deverão ser descartados como Resíduo Classe IIA – Resíduo não perigoso e não inerte (ABNT NBR 10.004), sendo portanto indicada destinação final em Aterro Industrial com essa especificação.

Normatização

ABNT NBR 16.143 – Preservação de Madeiras – Sistema de Categorias de Uso
ABNT NBR 6.232 – Penetração e Retenção de Preservativos em madeira tratada sob pressão
ABNT NBR 7190 – Projeto de Estruturas de Madeira
ABNT NBR ISO 1030 – Madeira serrada de coníferas – Defeitos – Medição
ABNT NBR ISO 3179 – Madeira serrada de coníferas – Dimensões nominais ABNT
NBR ISO 737 – Madeira serrada de coníferas – Dimensões – Métodos de medição
ABNT NBR ISO 738 – Madeira serrada de coníferas – Dimensões – Desvios permitidos e retração

Referências

ABPM – Associação Brasileira de Preservadores de Madeira – (www.abpm.com.br)
Polo Madeireiro de Ponta Grossa – (www.polomadeireiro.com.br)
Sindimadeira/PG – Sindicato das Indústrias de Serrarias, Carpintarias e Tanoarias e de Marcenarias de Ponta Grossa – (www.sindimadeirapg.org.br)
American Wood Protection Association – (www.awpa.com)
TWBrazil UPM – (www.twbrazil.com.br)
Wikipedia – Wood Preservation (https://en.wikipedia.org/wiki/Wood_preservation)
Southern Pine Inspection Bureau (https://www.spib.org/)
American Lumber Standard Committee (https://www.alsc.org/)
Western Wood Preservers Institute (https://wwpinstitute.org/)
Residential Infographics2016 SPIB

Sobre o autor

Leonardo Puppi Bernardi
Engenheiro Civil – CREA PR-69.980/D
Especialista em Estruturas de Madeira

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